segunda-feira, 7 de julho de 2008

FAMOSO QUADRO ATRIBUÍDO A GOYA NÃO É DELE, DIZEM ESPECIALISTAS

Anelise Infante de Madri para a BBC Brasil

Restauradores do Museu do Prado, em Madri, afirmaram nesta quinta-feira que o famoso quadro O Colosso, que era atribuído ao artista espanhol Francisco Goya, não é dele.

Em uma entrevista coletiva em Madri, os chefes de conservação do Museu confirmaram o engano com relação à autoria da obra.
Segundo eles, a identidade do pintor do quadro ainda é desconhecida, mas provavelmente seria do espanhol Asensio Juliá, único discípulo do mestre barroco.
"Em minha opinião é um quadro assinado e feito por um artista diferente de Goya. Notamos que há outra mão ali e é distinta", afirmou a Diretora de Conservação de Pintura do século XVIII do Museu do Prado e especialista em Goya, Manuela Mena.
Durante quase 80 anos, o quadro esteve exposto em lugar de destaque no museu e era considerado uma das jóias da arte espanhola.
O Colosso representa um gigante enfurecido que ameaça uma cidade e foi considerado uma das obras mais representativas da produção de Goya sobre a guerra da independência de Madri de 1808, quando a cidade se rebelou contra a invasão napoleônica.
A celebração do bicentenário desta independência acabou levando às suspeitas sobre a autoria do quadro.
Um evento no Museu do Prado, em janeiro, que reuniu vários especialistas e restauradores para analisar a obra de Goya, levantou dúvidas sobre a autoria de O Colosso.
Os especialistas, que realizaram um inventário e uma mesa de debate, antecedendo a exposição Goya em tempos de guerra, inaugurada em abril e que permanece aberta ao público, concluíram que o quadro apresenta traços estilísticos e inscrições pouco comuns às obras do pintor - que deixou vários quadros sem assinatura.
A diretora de conservação Manuela Mena, comentou que "as dúvidas eram históricas e o mais prudente seria eliminar o quadro da mostra sobre a guerra e investigar a autoria".
O Chefe de Conservação do museu, José Luis Díez, disse que a principal pista de que O Colosso não seria de Goya foi um inscrição quase apagada encontrada no canto inferior esquerdo da obra, pintada entre 1808 e 1812, com as iniciais AJ.
"Mas o que nos chamou mais atenção foi a diferença de traços estilísticos", comentou Mena.
O diretor geral do Museu do Prado, Miguel Zugaza disse que O Colosso permanecerá na sala original onde está desde 1931 dentro do pavilhão dedicado a Goya, até que a autoria correta seja esclarecida.
Asensio Juliá, nascido em 1760, foi um dos poucos colaboradores de Goya, que viveu que viveu de 1746 a 1828. Os principais registros da atuação dele com o mestre do classicismo estão nos afrescos da igreja de Santo Antonio da Florida, em Madri.
As primeiras referências bibliográficas sobre O Colosso apareceram no inventário do artista feito pelo filho dele, Javier Goya, e que depois passaram ao colecionador espanhol Pedro Durán.

Fonte: BBC Brasil

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